Retorno a ETELG

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010 22:01 By ANEL ABC , In

RELATO DE 2005 – Por Fabio Telles, ex-aluno de 1990-94
Extraído do blog: midstorm.org/~telles/

(...)Quando entrei, ninguém me pediu crachá… bom sinal! Logo vi a falta que o esqueleto (1) faz na paisagem… agora só tem mato por lá.

Entrando um pouco mais vejo as paredes pintadas e a grama aparada. O talude deu lugar a uns predinhos, o bloco 2 tem uma mini-fatec instalada agora. O DAL ou SOE onde a Ângela ficava agora está no bloco 3, junto ao clube de xadrez que sobrevive depois de ter sido quase esquecido. O refeitório não existe mais, mas a lanchonete continua lá. As quadras externas também estão lá.

(...)Vi coisas que me deixaram mais tranquilo, o pessoal continua ficando sem aula, a galera fazendo tumulto do saguão do bloco 2, cabeludos tocando Raul Seixas no violão, etc. Mas ainda dá a sensação que é uma moçada muito novinha, que usa uniforme e não deita no gramadão num dia de sol como hoje! Um pouco estranho. A sala do grêmio foi obviamente ocupada por alguma outra coisa, a biblioteca ocupa hoje o local onde era a sala de desenho técnico com aquelas pranchetas enormes. O laboratório de pneumática também já era…

Sinceramente, me sinto velho. Como nossos pais… é como aqueles que diziam na década de 60 que rock não era música… e hoje eu digo que o que tocam no rádio não é música… na ETELG é igual. Quando entrei, os que já tinham se formado diziam que no tempo deles é que era bom! Hoje vejo o estado atual e penso a mesma coisa. Mas tem algumas diferenças e quem foi do Grêmio como eu sabe disso. Já brigávamos naquela época.

E apesar de gostar na época de rock do anos 60 e 70, não prefiro a educação dos anos 70. Não tenho saudades da ditadura militar… Criaram o mito de que a década de 80 foi a década perdida, mas não sei se foi bem assim. A democracia avançou, a educação foi universalizada, os movimentos sociais cresceram e os militantes de esquerda lotavam as praças e avenidas! Tempos de glória, isso sim. A década de 90 sim… foi horrível, com o avanço escancarado do liberalismo.

Quem estava no grêmio certamente se lembra de todo o jogo do governo federal e estadual no desmantelo das estocas técnicas estaduais. E deu no que deu. Nunca esqueço da capa do Estopim que o Etson desenhou, com a entrada da ETELG com uma placa “for sale”. E ninguém entendeu…

Houveram os que disseram que o grêmio foi uma aventura que não deu frutos. E eu vi depois pessoas como a Lilica, Tatu, Denis, Uiran, Akira, Guedes entre tantos outros, brilhando em vários lugares por aí. Erramos muito no Grêmio, eu errei demais. Errei também no Estopim, criei brigas desnecessárias, desperdicei talentos. Quando os últimos discípulos da turma que fundou o Grêmio saíram, o grêmio sucumbiu. Mas o aprendizado foi realmente fantástico, não foi?

Pra mim, a minha faculdade foi a ETELG, lá aprendi a brigar pelo que acredito, lá comecei a beber e fumar, deixei o cabelo crescer, aprendi a tocar violão (muuuito mal por sinal), lá comecei a namorar e encontrei a primeira grande paixão da minha vida. Como o Raveli dizia, entramos cheirando talco de bebê e saímos como homens preparados para enfrentar o mundo!!!

A ETELG marcou nossos corações. O Akira criou um site que fez muito sucesso com os contatos de ex-alunos. Hoje tem vários sites da ETELG e momentos inesquecíveis marcam a sua história. Lembro de alguns:

- O jornal pirata que era a coisa mais escrachada e divertida que fizeram por lá!

- A Oktoberete que deixou a ETELG inteira de fogo, e tem quem tenha ainda sua caneca guardada.

- As corridas de carrinho de rolemã (2), antes de colocarem as lombadas…

- A guerra entre ETELG e SENAI que deixou vidros quebrados por vários anos e começou com uma briga entre Mecância e Eletrônica

- O dia em que os professores de Eletrônica fizeram cordão na frente do bloco 5 e caíram na porrada com a Mecânica numa das famosas finais de campão!

- A guerra de água no último dia de VAs promovida pela galera do último ano.

- O 13 de maio em que a direção trouxe um ônibus lotado de policiais para “garantir a paz”.

- Os porres no terrinha e no bloco 7 (que tem uma respeitável lista de discussão no Yahoo)

- As reuniões secretas da comissão pró-grêmio quando 2 armários apareceram arrombados (depois descobrimos que foi só uma brincadeira do povo mesmo)

- As passeatas em 92 quando a gente lotou o paço municipal e o CP subiu no palanque!

Estas foram apenas algumas histórias… os melhores amigos também nasceram por lá! O Denis é meu padrinho de casamento, o Tatu é padrinho do meu filho, a Tati ficou com o buquê do meu casamento… e as coisas não param por aí...

(...)Quem sabe não volto a frequentar a lista do Bloco 7? Saudades do povo, André com baby a vista, Uiran e Xuxa viraram professores universitários, Akira continua escrevendo suas histórias de RPG e eu continuo dando murro em ponta de faca, acreditando que podemos fazer alguma coisa de boa no mundo, como fizemos, no tempo que estudamos na ETELG.


 

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